Abstract
Neste artigo a nossa proposta é pensar, a partir de filosofias tão diversas como as de Nietzsche e Arendt, questões relevantes do campo teórico da memória social, vinculadas à problemática da política na atualidade. Para tanto, partimos da tese de que Nietzsche e Arendt, embora não sejam autores vinculados diretamente à memória social, apresentam ideias que podem contribuir de forma fecunda a este campo discursivo. Justifica esta tese a constatação de que os pensadores colocam o problema da memória e do esquecimento no centro de sua reflexão sobre a sociedade e sobre a política. Para nos aproximarmos dessas ideias sobre memória e política em Nietzsche e Arendt, como proposta metodológica nos concentramos no estudo daqueles que consideramos os escritos mais importantes de cada um deles - Genealogia da moral e Origens do totalitarismo, respectivamente - nos quais esses conceitos são tematizados de forma lapidar. Em ambos os livros a memória e o esquecimento são interpretados, de formas distintas, como fenômenos sociais que surgem num contexto de violência, de coerção. Os filósofos em questão reconhecem que a memória e o esquecimento são processos sociais instaurados com dor e violência. Para eles, o desafio é estudar os processos elaborados pela violência que controla e instaura o poder em diversas configurações sociais, discutindo o papel da memória e do esquecimento nessas configurações societárias. O escopo deste artigo, assim, é indagar como, em pensadores como Nietzsche e Arendt, a memória e a política podem ser interpretados segundo perspectivas que, mesmo partindo de algumas noções muito próximas, chegam a conclusões muito diversas.Date
2013-01-01Type
info:eu-repo/semantics/articleIdentifier
oai:scielo:S2316-82422013000200013http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-82422013000200013