Hannah Arendt (1906-1975) [Hannah Arendt (1906-1975)]

Abstract

"Initium ut esset homo creatus est (para que houvesse um início o homem foi criado). Esta frase de Agostinho de Hipona é seguramente a citação mais recorrente em toda a obra de Hannah Arendt, mesmo que ainda não apareça na sua tese de doutorado sobre O conceito de amor em Agostinho, concluída quando ela tinha vinte e três anos de idade. Aquele início ao qual a frase alude, garantido por cada novo nascimento, foi mencionado na segunda edição de As origens do totalitarismo como uma réplica à sua própria conclusão pessimista da primeira edição, que apontava para a possibilidade de que o totalitarismo não encontrasse qualquer obstáculo na sociedade moderna de massas; e foi utilizado em A condição humana para a compreensão do conceito de ação como instauração de um novo começo, de um início absoluto como um milagre" ["Initium ut ESSET homo creatus est (for there was a beginning man was created). Augustine of Hippo This phrase is certainly the most recurrent citation in all the work of Hannah Arendt, even if it still does not appear in his doctoral thesis on the concept of love in Augustine, completed when she was twenty-three years old. That beginning to which the phrase refers guaranteed by each new birth, was mentioned in the second edition of The Origins of Totalitarianism as a replica of their own pessimistic conclusion of the first edition, which pointed to the possibility that totalitarianism did not find any obstacle in modern mass society; and it was used in the human condition for understanding the concept of action as the establishment of a new beginning, an absolute beginning as a miracle"]