Crise da consciência contemporânea e expansão do saber não cumulativo
Abstract
Refletindo sobre os fins da universidade, este ensaio se questio-na quanto à possibilidade mesma do ensino e, além disso, à possibilidade de conhecimento e de sentido nas sociedades contemporâneas, nas quais as condições de apropriação e de transmissão dos saberes estão profundamente transtornadas: uma incerteza às vezes radical quanto a si mesmo e quanto ao outro abre caminho para uma insegurança psíquica profunda. Os fluxos sensoriais contínuos provocam uma divisão inédita do trabalho dos sentidos, acentuando o papel da visão em detrimento dos demais; induzem a uma redistribuição das relações entre sensação, percepção, reflexão; e fortalecem a contingência, a instabilidade, a incerteza que se encontram no âmago da crise da cultura e da educação. O pensamento se encolhe, traduzido numa especialização, uma compartimentalização dos saberes. Que tipo de personalidade e de consciência, que forma de sensibilidade são estimuladas por essa educação? O que designa hoje em dia a palavra consciência? Poderemos ainda falar de atividade crítica? O pensamento individual, original, parece ter declinado diante da corporação, do grupo, do coletivo, legitimado pelo número, a quantidade, as exigências de produtividade e a avaliação por gestores, e tende, a partir daí, a se tornar cada vez mais homogêneo e conformista. Contudo, o ensaio busca mostrar que essas características, não sendo novas, foram apenas aceleradas e intensificadas na contemporaneidade, paradoxalmente, não nos privando de toda esperança quanto aos fins da universidade e às possibilidades do pensamento crítico.Date
2005-12-01Type
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